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Do Magrebe ao Báltico: Oito novas confirmações FMM

22 Março 2016

O FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, cuja 18.ª edição se realiza entre 22 e 30 de julho de 2016 em Porto Covo e Sines, confirma a presença no seu programa de mais oito espetáculos. Partindo do Magrebe, passando pelo Levante, subindo o Cáucaso e terminando no Báltico, música dos limites da Europa e dos seus vizinhos a sul.

O primeiro elemento da “delegação magrebina” é tunisino. Imed Alibi é um percussionista que procura um som de fusão partindo de uma base de ritmos do Magrebe e do Médio Oriente. As suas composições, onde se cosem linhas norte-africanas, turcas, brasileiras, balcânicas, transportam o ouvinte para momentos de transe e ambientes cinematográficos. Dança-se num espaço de fronteiras porosas entre Oriente e Ocidente, onde ritmos sufis e berberes se confundem com beats eletrónicos, dub, investidas rock. Imed Alibi toca com Zied Zouari nos violinos, Pascal Teillet no baixo e Stéphane Puech nos teclados, entre outros músicos convidados. Gravou um álbum de originais, “Safar”, com produção de Justin Adams, editado em 2014.

Speed Caravan é o projeto do rocker argelino Mehdi Haddab, mestre do alaúde elétrico. Depois da presença no Festival Músicas do Mundo em 2009, com “Kalashnik Love”, este regresso a Sines faz-se com um novo disco, “Big Blue Desert”, segundo álbum de originais do grupo, que será lançado no final de abril. As bases deste disco foram gravadas em Dakar por Haddab e pelos seus companheiros Pascal Teillet (baixo) e Skander Besbes (guitarra e computador). Em relação a 2009, haverá no concerto de Sines uma nova componente trazida por este álbum, a dos ritmos senegaleses do sabar e do mbalax, que se juntam ao rock e à música norte-africana para criar uma mistura que augura grande potência ao vivo.

Islam Chipsy & E.E.K. chegam do Cairo com uma das mais entusiasmantes propostas de música ao vivo do planeta. Islam Chipsy, teclista pioneiro do chaabi elétrico, usa a escala oriental para criar formas sonoras do outro mundo, apoiado pelo poder percussivo de Khaled Mando e Mahmoud Refael em duas baterias musculadas. “Live at the Cairo High Cinema Institute (2014) ” e “Kahraba” (2015) são os seus registos em disco, onde se ouvem alguns clássicos da música egípcia reconfigurados pelo génio de um criador e performer incendiário. Em festas de rua, casamentos, clubes, rave parties e agora no circuito dos festivais europeus, Islam Chipsy está a alargar as fronteiras da música de dança.

Do Levante, o FMM recebe Bachar Mar-Khalifé, cantor, compositor e multi-instrumentista franco-libanês. Nasceu em Beirute, em 1983, numa família de músicos que teve de exilar-se em Paris devido à guerra. Filho de um conhecido alaudista e irmão de uma pianista, formou-se no Conservatório de Paris e trabalhou com a Orquestra Nacional de França e com o Ensemble Intercontemporain. A par da carreira na música clássica, iniciou um trajeto na fusão, em agrupamentos que cruzam jazz, world music, eletrónica e hip-hop. Lançou três álbuns: "Oil Slick" (2010), "Who's Gonna Get the Ball... (2013) e "Ya Balad" (2015). Este último disco, cujo título se pode traduzir por "Ó Pátria", é uma visão poética, nostálgica mas também desencantada do seu país natal.

O quinto espetáculo confirmado junta a Arménia e a Turquia. O duo Vardan Hovanissian & Emre Gültekin tenta erguer uma ponte cultural entre nações com uma história comum onde ainda pesa a memória dos massacres ocorridos há mais de 100 anos. Vardan toca duduk, instrumento de sopro que é um símbolo da Arménia, e Emre canta e interpreta três instrumentos de cordas - o saz, o baglama e o tanbur. Para o seu primeiro disco como duo escolheram o título “Adana”, a cidade que mais sofreu com a tragédia de 1915. A escolha simboliza a esperança de um futuro em que seja possível uma convivência mais serena entre duas culturas com muito mais em comum do que a dor que as mantém separadas.

Alaverdi é um quarteto vocal que dá continuidade a uma das mais ricas tradições polifónicas do mundo, a que tem raízes na Geórgia, no Cáucaso. Faz parte de uma nova geração de cantores que se entrega à missão de dar presente e futuro a uma expressão inscrita na lista de Património Imaterial da Humanidade da UNESCO. Do jogo de vozes entre os quatro cantores - Nuzgar Kavtaradze, Bidzina Murgulia, George Abashidze e Mikheil Javakhishvili – resultam harmonias de dançam entre o baixo mais profundo e o falsetto mais celestial. Além de cantar, tocam uma panóplia de instrumentos de cordas e sopros. Apresentam-se com a alegria de um supra, a festa nacional da Geórgia, bem regada de vinho e iguarias.

Dakh Daughters são um grupo de atrizes ucranianas transformadas em personagens de um “cabaret freak” onde todos os registos são possíveis: performance teatral, recital clássico, concerto punk. Os rostos pintados de atrizes do cinema mudo acrescentam às suas personagens um dramatismo que as ajuda a pôr de pé, em cada canção, um pequeno espetáculo subversivo. Tal como DakhaBrakha, de cuja presença no FMM em 2013 se mantém uma memória vívida, as Dakh Daughters nasceram no teatro Dakh de Kiev. Estavam então de malas feitas para uma viagem a Paris, e o sonho de atuarem num cabaret francês levou-as a testarem os conhecimentos musicais que possuíam. A experiência amadureceu rapidamente e resultou neste projeto.

Finalmente, do Báltico chega Trad.Attack!, banda estónia que cria folk de sensibilidade contemporânea inspirada em velhas gravações de folclore. Os membros do grupo são três amigos que cresceram em convívio com a música. Sandra Sillmaa pegou pela primeira vez aos 13 anos no instrumento que marca com distinção o som da banda, a gaita-de-foles estónia. Jalmar Vabarna, guitarrista e vocalista, pertence à minoria étnica dos Setos e é bisneto de uma das mais famosas cantoras de folclore do país. Tõnu Tubli aprendeu a tocar metais com o pai músico e tornou-se um dos bateristas mais requisitados da Estónia. Lançaram o seu disco de estreia, “AH”, em 2015, e receberam alguns dos mais importantes prémios de música do seu país.